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Na briga entre Itaú e Bradesco, o grande vencedor é Garfinkel

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Empresário, que construiu a maior seguradora de carros do País, fechou acordo para ter o Itaú como sócio minoritário.

A disputa que envolveu nos últimos dias os dois maiores bancos privados do País, Itaú Unibanco e Bradesco, teve como grande vencedor o empresário Jayme Garfinkel, dono da Porto Seguro, a maior seguradora brasileira no ramo de veículos.

Foi um dos negócios mais rápidos no mundo empresarial. Depois de uma negociação frustrada de seis meses com o Bradesco, o acordo com o Itaú Unibanco foi fechado em nove dias.

Garfinkel conseguiu um contrato invejável no mundo dos negócios: ganhou como sócio o Itaú Unibanco - que ficou com 30% das ações da Porto Seguro - e manteve-se como controlador do grupo, com 40$ do capital. Com a sociedade, ?Garfinkel pode oferecer suas apólices em uma rede de 4,8 mil agências bancárias do Itaú Unibanco.

O empresário conseguiu impor suas condições porque construiu uma potência no ramo de seguros. "Quando entramos no negócio, a Porto Seguro era o patinho feio", lembra Garfinkel. O pai Abrahão, filho de ucranianos que migraram para o Brasil na década de 20, entrou para o ramo como funcionário modesto de uma seguradora, no cargo de inspetor de riscos. Garfinkel também trabalhava no setor. Em 1972, o pai comprou a Porto Seguro que atuava no mercado há 27 anos e era a 44ª no ranking.

O pai levou três anos para pagar a aquisição. Em 1978, quando Abrahão faleceu, deixando o negócio nas mãos do filho, então com 31 anos, a empresa já ocupava a 10ª posição. Jayme diversificou o grupo com oficinas próprias, revendas de carros e acessórios contra roubo. Depois, decidiu focar no segmento de seguros, tornando-se a maior seguradora de carros do País. Considerando todos os ramos, de Previdência à capitalização, antes da sociedade, a Porto Seguro já era a sexta maior. Com o novo sócio, passa a ser a quinta maior.

A Porto Seguro chegou ao topo quando assumiu os riscos de investir no mercado paulista na década de 90. Naquele período, muitas seguradoras abandonaram São Paulo por causa do alto índice de furto de carros, que tornava o negócio inviável. A Porto não só bancou, como inovou o mercado ao introduzir serviços como guincho 24 horas, chaveiro e até oferecer kit com água e bolachas a motoristas acidentados.

O segmento de seguros de automóveis movimentou, só no primeiro semestre deste ano, R$ 8,1 bilhões. A Porto Seguro participou com 19,9%, índice que sobe para 28,4% quando somada a carteira do Itaú Unibanco, que passou para as mãos de Garfinkel. O segundo colocado segue sendo o Bradesco, agora mais distante, com 13,4% do faturamento. "A Porto foi a única seguradora que não era ligada a um banco a crescer nos últimos anos", constata Erivelto Rodrigues, da Austin Rating.

Ser a maior empresa do ramo no Brasil "não era o que eu imaginava, nem nos mais loucos sonhos", diz o executivo, que é formado em engenharia civil. Ao longo dos anos, a Porto Seguro foi assediada por grupos nacionais e internacionais, até mesmo pelo Itaú, que propôs a compra de cerca de 25% de ações da empresa, no início da década.

O grupo, porém, preferiu colocar suas ações na bolsa de valores, em 2004. Desde então, os negócios se multiplicaram. Em 2008, Garfinkel, visto como empresário discreto e simples, figurou na lista da revista americana Forbes como um dos 18 brasileiros mais ricos, com patrimônio de US$ 1,4 bilhão.

CONTROLE

Unir-se a um grande banco, sem ser engolido por ele, entrou nos planos de Garfinkel quando viu que era difícil crescer fora de São Paulo sem uma rede ampla e ao assistir outras seguradoras se associando a grupos internacionais e a grandes bancos.

No fim de 2008, Garfinkel procurou o Bradesco, com oferta de venda de 49% de ações, o que o manteria no controle. A negociação durou seis meses, e parecia caminhar para um acerto. "Quando partiu para o papel, vi que havia grande distância entre o que eu e eles chamavam de controle", conta. A proposta do Bradesco era de compartilhamento de gestão, com poder de veto. "Não estou acostumado a depender de ninguém. Não estaria feliz desse jeito", admite Garfinkel.

Enquanto negociava com o Bradesco, recebeu mensagens de interlocutores do Itaú, mas afirma ter dito que estava "engatado" com outro banco. Um dos mensageiros era Israel Vainboim, "um patrício", como define Garfinkel.

Um dia após dizer não ao Bradesco, ele procurou Roberto Setubal e a parceria foi assinada em nove dias.

Antonio Penteado Mendonça, advogado especialista em seguros, acha que a parceria vai se estender para outros ramos do seguro. Acredita que pequenas empresas terão dificuldade em atuar no mercado daqui em diante. "Estrangeiras que vieram ao Brasil achando que iam nadar de braçada terão de buscar nichos para operar." O País tem cerca de 60 seguradoras.

A missão de Garfinkel, para alguns analistas, não será tão fácil. Ele terá de conciliar diferentes canais de distribuição, de um lado agências do banco e de outro os corretores com pastinha da Porto.

"O Jayme é um profissional sagaz, administrou acompanhia em tempos de turbulência, quando o mercado de São Paulo era complicado, e criou uma grande marca", diz o concorrente Antônio Cássio dos Santos, presidente da Mapfre.


Fonte: O Estado de São Paulo em 31/08/2009

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